Tudo o que você precisa saber sobre o storytelling, estratégia que tem tomado conta da produção de conteúdo. Saiba como e quando usar.
Seja para divertir ou com uma intenção comercial por trás, os produtores de conteúdo, principalmente online - todo mundo hoje é online, né? -, já sacaram que precisam oferecer mais, em menos tempo e com mais novidade para prender o público. É aí que entra o storytelling. Vem ver como o ato de contar histórias se tornou até estratégia publicitária.
O que é Storytelling?
Paul Auster sempre disse que “as pessoas precisam de histórias.”
É claro que ele ia dizer isso, o cara é escritor. Mas a verdade, é que contar e conhecer histórias é realmente uma das maiores necessidades e prazeres humanos, desde os primórdios, ainda através das pinturas rupestres. Assim, seja para registro ou entretenimento, as histórias acompanham a humanidade em suas escolhas, aprendizado e afeição. É isso que o storytelling faz.
Apesar de sugerir que é algo revolucionário (bom, e é mesmo, né?), o storytelling não é uma ferramenta inventada agora apenas para o uso do marketing de conteúdo. Ele nada mais é do que o ato de “contar histórias”, só que de um jeito incrível e eficaz. Então, assim como para o brasileiro, o segredo do storytelling está no jeitinho.
Story: a informação ou narrativa a ser passada, o que dizer.
Telling: a forma como se conta.
Mas se storytelling é contar história, por que tem sido tão usado para definir conteúdos nas redes sociais, como uma estratégia?
Por que usar o storytelling?
Você reparou que, principalmente nos últimos tempos, temos sido bombardeados por conteúdo? É uma chuva de vídeos, galerias de fotos e stories. Todo mundo tem algo a dizer e isso nada mais é do que contar histórias. De uma maneira mais dinâmica, claro.
E o ponto é que na publicidade, ou melhor, na comunicação, envolver o público com histórias é mais do que apenas uma forma de prender atenção, pode criar uma ligação através da memória, algo que uma peça solta nem sempre permite. Por isso, criar uma dinâmica de narrativa tem sido uma boa fórmula.
As histórias são capazes de despertar, fidelizar e prender o público.
Por isso, através do storytelling é possível:
Gerar emoção: Já ouviu falar em “apelo emocional”, né? Quando buscamos atrair alguém para um produto, serviço ou situação, é sempre bom unir motivos racionais - por que isso vai ser útil? - com emocionais - o que isso tem de mágico? -, e assim, conquistar um equilíbrio de razões. Lembre-se que o emocional nem sempre quer dizer triste, muito menos romantize situações. Fazer rir, assustar, chocar ou despertar curiosidade também são formas de gerar emoção usadas em histórias.
Entreter: Nem sempre um conteúdo precisa ter fins comerciais e analíticos. Entreter seu público trazendo fatos, diálogos, casos divertidos e dicas (sempre pensando na essência do seu perfil, tá?) também é válido!
Criar vínculo: Essa é uma forma de trazer aquele “volte sempre”, muito dito quando o cliente sai da loja, para as redes sociais. Quem é que não quer aquela pessoa que consome o seu conteúdo, pesquisa na sua página e compra o seu produto porque tem um vínculo estabelecido? Quantas vezes compramos aquele mesmo refrigerante no final do ano, que às vezes nem é nosso favorito, só porque é tradição? Essa propaganda de Natal, com a magia do Papai Noel, é storytelling!
Explicar: Sabe quando explicamos algo para uma criança através de uma narrativa? O velho truque da cegonha trazendo bebês, do coelho que amarra o cadarço e até do bicho papão? Tudo isso é uma forma de explicar um fato maior resumido a uma história. Isso porque, através de histórias, é muito mais fácil impactar, fazer lembrar e ensinar. Então, que tal explicar as funções do seu produto de maneira criativa?
Mas então eu sempre tenho que usar narrativa?
Claro que não! O storytelling não é refém da Jornada do Herói do Joseph Campbell, ou dos contos de fada, embora toda narrativa seja um storytelling. É possível utilizar os elementos da contação de histórias sem cair no clichê do “era uma vez…” trazendo dados, mostrando fatos e até mesmo elementos visuais, como gifs e imagens.
Até mesmo os emojis, memes e músicas podem ser uma forma de contar histórias. Prova disso, são os vídeos curtos que tem se tornado febre nas redes sociais, com elementos simples e apelos visuais.
E falando em elementos, as histórias têm os seus!
Elementos do Storytelling:
Algumas coisas básicas são uma boa fórmula a seguir, e vão estar presentes no conteúdo baseado em storytelling. São elas:
Mensagem: a ideia principal do que você quer transmitir através daquela história.
Cenário: em que situação ela aconteceu.
Personagem: de quem se está falando.
Um exemplo disso seria:
Maria (personagem) conseguiu entrar para a universidade (cenário) com uma bolsa de 40% (mensagem).
Viu só como você consegue entender que a universidade está oferecendo bolsas através da história da Maria? E quão comum é ver isso por aí, não é?
Por isso mesmo, a dica aqui é soltar a criatividade e não se prender a conceitos, variando a forma de transmitir a mensagem e até ousando nos personagens. Pense só se ao invés de uma pessoa, sua personagem fosse um produto mandado para Marte? A publicidade está cheia dessas histórias de sucesso e a sua pode ser a próxima!
Os artifícios do Storytelling na publicidade:
Se por um lado os objetivos de venda são rápidos e muitas vezes práticos, como catálogos ou apresentação de produtos e benefícios com comandos claros e imperativos — como aquelas famosas propagandas de varejo que sempre aparecem narradas por uma voz forte na TV, com os preços de saldão saltando na tela — o famoso storytelling é um vínculo a ser criado que permite a apresentação de uma marca mais do que meramente como uma marca, mas como um marco.
A publicidade estilo “catálogo”, que foca em mostrar produtos, também funciona, é claro. Mas o ideal, é reconhecer quando existe a necessidade de “mais”, e criar conteúdo é uma prática que ganha força quando unida a estratégias certeiras.
Alguns dos artifícios mais comuns do storytelling por aí são:
Aproveitar os influencers e assistentes virtuais;
Criação de narrativa (campanhas com histórias);
Integração de redes (começa no YouTube, termina no Instagram);
Dar as caras através de vídeos e relatos;
Contar uma história do público com a marca, gerando identificação.
Tudo isso é contar histórias e faz parte das mesmas estratégias utilizadas por outras mídias, como criação de roteiro e livros. Mas é preciso fazer isso do jeito certo.
O que o storytelling pode trazer:
É interessante saber que um dos principais objetivos do marketing de conteúdo é alimentar o público. Fornecer elementos úteis e agradáveis, ajudar, criar uma parceria. Por isso, os resultados do storytelling podem sim - e no final do dia estão mesmo - estar ligados à parte comercial, mas também tem intenções que estão menos focadas no faturamento do que uma campanha de vendas está, por exemplo. Apesar disso, esses resultados também podem ser metrificados de diversas formas, com visualizações, tráfego de página e outras alternativas.
Sendo assim, o storytelling na comunicação e publicidade busca trazer alguns retornos:
Engajamento mais orgânico;
Identificação com a marca;
Seguidores realmente interessados no que o perfil tem a dizer;
Inovação através de conteúdos mais originais;
Personalidade.
Para reunir esses benefícios, é preciso saber utilizar os artifícios e tentar não cair na mesmice. Tem quem diga que toda a história já foi contada, só é adaptada, mas nem por isso a gente precisa deixar de tentar inovar.
Como aplicar o storytelling:
Apesar de contar histórias ser quase natural para o ser humano, fazer isso de maneira estratégica exige planejamento. Você precisa saber exatamente o que quer falar e, claro, ter certeza de que isso combina com o seu perfil.
Funciona como o processo de um filme ou livro. Alguém que é apaixonado por comédia raramente curte drama tanto quanto, assim como, se seu público é interessado em natureza e vida simples, talvez não faça tanto sentido contar uma história sobre tecnologia espacial e ficção científica.
Sendo assim, para aplicar o storytelling é fundamental conhecer o seu público. Você deve se perguntar:
O que o meu público quer saber?
Eles se interessam por qual tipo de história?
Como posso contar isso da melhor forma possível: escrita, visual, em vídeo?
Qual deve ser a minha frequência?
E para contar histórias, é possível utilizar:
Metáforas;
Informações;
Fatos do dia a dia;
Interação para incluir o público;
No entanto, se estamos falando de uma marca, tenha sempre cuidado para não saturar quem vai acompanhar suas narrativas e alternativas. E não tenha medo de testar e produzir conteúdo com a sua história, ou a história do seu produto.
Como não usar o storytelling:
Existem alguns cuidados que devem ser tomados quando nos propomos a começar a criar conteúdo, de qualquer natureza. O storytelling também tem suas ressalvas, e é fundamental prestar atenção nelas.
Não romantize situações: e tenha cuidado ao comunicar algo para não acabar sendo interpretado errado;
Cuidado com o plágio: uma coisa é se inspirar, outra é imitar! Mesmo que seja uma narrativa famosa, ou que está em alta, cuidado com os direitos autorais e cópia;
Seja criativo, não mentiroso: nada de enfeitar o produto com histórias que não pode cumprir;
Saiba quando usar o artifício: se você não for objetivo às vezes, pode acabar esquecendo de passar informações que nem precisam de muitas voltas, como o preço;
Não fique preso: saiba que nem tudo é feito de um único jeito. Cada marca, perfil e pessoa tem a própria história, e às vezes, também é melhor usar outro artifício.
Por fim, o bom mesmo é investir em fazer um conteúdo do qual você sente orgulho e que funcione para o público. Nós somos caçadores de personalidades, de contos, causos, prosas e acontecimentos fantásticos. Não importa de onde vem o seu algo mágico, sabemos que nem mesmo a venda vive apenas de preços tabelados, então, vamos contar histórias.