A gente te explica o que é folkcomunicação de um jeito prático, fácil e cheio de pormenores! Vem entender essa relação com a cultura popular.
Uma teoria de comunicação que surgiu no Brasil e passeia pela prosa popular, pelo folclore e pelas culturas marginalizadas. Afinal, o que podemos esperar da Folkcomunicação? E o que ela tem a ver com o folclore em si? Simbora descobrir!
De grão em grão: o que é Folkcomunicação?
Essa teoria bem brasileira surgiu das observações do jornalista, professor e pesquisador brasileiro Luiz Beltrão, um pernambucano pioneiro nos estudos da comunicação social com foco na expressão popular no Brasil.
A partir das pesquisas de Luiz, que notou que a diferença entre a comunicação de massa e da sociedade marginalizada se davam de maneiras distintas, mas também convergentes, foi que a área da folkcomunicação — um conceito desenvolvido por ele — ganhou força no país, e se tornou matéria de estudo.
Segundo o próprio Luiz Beltrão, a teoria aborda: “o conjunto de procedimentos de intercâmbio de informações, ideias, opiniões e atitudes dos públicos marginalizados urbanos e rurais, através de agentes e meios direta ou indiretamente ligados ao folclore.”
Ou seja, é tudo o que tem ligação com a cultura popular na comunicação. Mas vamos entender mais a fundo a importância deste estudo, e porque ele revela tanta riqueza cultural, e, é possível dizer, desigualdade social.
Uma andorinha sozinha não faz verão:
Não é preciso explicar que ninguém se comunica sozinho. Para que exista comunicação, é fundamental a existência de um provedor e um receptor. No entanto, nem todo mundo recebe informação na mesma medida. É aí que entra o “jeitinho brasileiro”.
Embora à margem da sociedade — daí, portanto, marginalizada — as populações rural, ribeirinha, indígena ou socialmente desassistidas, têm suas próprias maneiras sagazes e particulares de se comunicar.
Por meio dos estudos da Folkcomunicação, Luiz Beltrão notou que a comunicação “padrão” de massa (imprensa, televisão, rádio) não chegava nos grupos mais afastados dos centros urbanos ou naqueles que sofriam com a precariedade de recursos. A solução desses aglomerados geograficamente desconectados, socialmente marginalizados ou com seus próprios costumes de expressão, foi que o povo se unisse para comunicar.
A voz do povo é a voz de Deus:
A folkcomunicação, portanto, é tudo aquilo que foge dos padrões convencionais (e por vezes elitizados) de comunicação, e engloba, como consequência, expressões culturais muito características de cada região, grupo étnico ou religioso, e até a depender de classes sociais.
Alguns formatos de comunicação popular apontados pela teoria são:
O cordel;
As cantigas;
As gravuras em folhetos;
As lendas;
As festas típicas-regionais, como o carnaval e o festival de Parintins;
Até mesmo os ditados populares e as rodas de prosa.
E tudo isso é expressão cultural do povo!
Todos esses formatos de comunicação são usados como alternativa aos padrões de informação, são patrimônio cultural brasileiro e características da comunicação social do nosso país. Então, sim, a folkcomunicação tem relação com o folclore brasileiro, assim como a Corrente Funcionalista está para a Escola Americana.
Escreveu, não leu; o pau comeu:
Apesar de tudo isso, é importante ressaltar que a folkcomunicação e o folclore em si possuem definições diferentes. O folclore faz parte de um conceito muito mais amplo, que se caracteriza por expressões religiosas e crenças populares, ligadas diretamente à raiz cultural de um povo.
Enquanto isso, pode-se entender a folkcomunicação como parte desse território folclórico, já que ela utiliza de elementos da cultura popular para expressar ideias, informações e, no caso da propaganda, vender.
Isso quer dizer que, embora a teoria tenha destacado primeiramente que tais expressões populares fossem uma alternativa dos grupos marginalizados para a comunicação de massa que não chegava até eles, cada vez mais (e desde sempre) podemos encontrar as grandes mídias fazendo uso destes elementos populares para comunicar.
Alguns exemplos são:
A novela da Globo “Cordel Encantado”, de 2011;
A minissérie “Hoje é Dia de Maria”, de 2005, também da Globo:
A Coca-Cola mudando de cor para apoiar o Festival de Parintins:
A campanha da Volkswagen para o Dia do Folclore:
E ainda o Carnaval na TV, os panfletos de grandes empresas de fast food nas ruas…
Viu só como a folkcomunicação mostra que a cultura da massa e a expressão popular acabam convergindo? E que o folclore em si é uma maneira de exemplificar a teoria?
Por isso, não vamos confundir: a folkcomunicação usa o folclore (um conceito amplo) para transmitir informação. E, claro, é sempre fundamental ter respeito, sabedoria e continuar questionando o acesso à informação e a exploração (e preservação) das expressões populares.
Até porque, para bom entendedor, meia palavra basta.
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Nos lemos por aí!